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Arquitetos: Leopold Banchini Architects
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Fotografias:Rory Gardiner
Descrição enviada pela equipe de projeto. As relações entre o Mingei, os movimentos de arte folclórica japonesa e o Arts and Crafts inglês foram amplamente discutidas. Embora a influência de William Morris na teoria de Yanagi seja evidente em sua crítica às relações de trabalho assalariado e à produção em massa voltada ao lucro, o movimento japonês fez questão de se distanciar das influências ocidentais para promover uma identidade local única. Críticos modernistas argumentaram que o Mingei era uma espécie de orientalismo invertido, com uma visão romantizada dos meios de produção tradicionais. No entanto, também é evidente que a Arte Folclórica Japonesa exerceu, por sua vez, uma enorme influência sobre designers modernistas como Charlotte Perriand.
Ambos os movimentos nasceram em períodos de rápida industrialização e foram usados para promover o nacionalismo. Como esses movimentos podem se adaptar a um contexto de capitalismo globalizado, onde as imagens sem crédito e sem origem que vemos no Instagram formam nossa identidade cultural? Com uma abordagem contemporânea a uma tradição regional de longa data, o Goodbye Horses é um pub local em um bairro residencial de uma metrópole multicultural. O desenvolvimento do projeto é baseado em reflexões sobre artesanato local, materiais naturais, patrimônio cultural e influências interculturais.
O balcão de madeira, com dez metros de comprimento e colocado de maneira inusitadamente baixa, é o elemento central do espaço, funcionando como balcão, bancada de cozinha e mesa de jantar. Inspirado na marcenaria rústica e vernacular, tanto o balcão quanto os móveis ao redor foram feitos a partir de um único grande carvalho. Cada parte do tronco foi aproveitada com cuidado, revelando as veias, a casca e as rachaduras desse gigante centenário. Os bancos e luminárias sob medida são feitos do mesmo carvalho maciço, combinados com papel de fibra de cânhamo japonês, vidro italiano moldado à mão, pedra vulcânica e latão oxidado. O grotesco italiano, o wabi-sabi japonês e o revival medieval inglês se unem em uma mistura eclética de referências culturais.
As superfícies do antigo edifício de tijolos foram revestidas com técnicas tradicionais locais. As paredes existentes foram pintadas com cal e reboco rústico, enquanto o teto recebeu um gesso de cal texturizado à mão. O piso de terra batida, comum nos primeiros pubs rurais, é feito de uma mistura de terra, palha e argila, com um acabamento de óleo de linhaça natural. Lajes reaproveitadas de Yorkstone foram usadas no jardim e nas áreas de maior circulação. A artista Lucy Stein pintou à mão as grandes cortinas de juta que envolvem o espaço. Inspiradas no folclore e na mitologia britânicos, as manchas naturais no tecido filtram a luz que entra no pub, como os antigos vitrais. Seus motivos contemporâneos e expressivos capturam a relação complexa, mas fascinante, entre as questões globais e o discurso local defendido por Morris há dois séculos.